Sears, Mappin, Mesbla, Ducal, Arapuã, Casas Buri, Casa José Silva, G. Aronson, Lojas Brasileiras, Peg Pag e Ultralar. Para muitas pessoas, especialmente para os mais jovens, alguns desses nomes são desconhecidos, mas todos eles eram grandes e conhecidas marcas de varejo que marcaram uma época. Várias foram líderes em seu setor, inovaram na época e se tornaram ícones. E todas elas faliram ou foram absorvidas por novas empresas emergentes.
Há um ditado atribuído a Tolstoi que diz que todas as famílias felizes são iguais, mas toda família infeliz é infeliz à sua maneira. Não se pode dizer que todas essas empresas faliram pelo mesmo motivo. Mas é inegável que todas elas, quando estavam no auge, certamente acreditavam, cada uma a seu modo, que aquela situação se manteria naturalmente, a velha máxima esportiva de que em time que está ganhando não se mexe.
O problema é que os adversários não ficam parados, e quando a equipe começa a perder, pode ser tarde demais para uma reação. Quem quiser permanecer no topo da tabela precisa estar atento não apenas à sua equipe, mas também à movimentação dos concorrentes ou até mesmo às regras do jogo.
Novos desenvolvimentos surgem o tempo todo e é essencial estar ciente deles. Isso não significa que tudo o que é novo é maravilhoso e que deve ser adotado imediatamente, mas não podemos ignorar possíveis tendências. E não se trata apenas de mudanças tecnológicas.
Na Netflix, há um documentário interessante sobre a varejista de moda Abercrombie & Fitch, que no final da década de 1980 se tornou a marca de roupas mais desejada pelos jovens americanos. Focada no conceito de beleza estética de jovens magros, brancos e caucasianos, ela quase quebrou após o advento das mídias sociais, pois não percebeu o crescimento de uma forte tendência entre os jovens e uma importante mudança social: a valorização da diversidade humana. Em pouco mais de dez anos, o que era um anseio estético "padrão" se tornou uma meta inatingível e irreal e um motivo de repulsa. A empresa foi boicotada. Hoje, a marca tenta se reconstruir com base no conceito de diversidade.
Isso mostra o que pode acontecer com marcas bem estabelecidas quando elas perdem contato com o que está acontecendo ao seu redor. O preço a ser pago pela desatenção pode ser muito alto. A seleção natural do mercado é implacável para aqueles que não estão dispostos a se adaptar constantemente.
Cuidado com pensamentos como "mudar para quê? sempre ganhamos dinheiro assim", "tudo muda, mas no fundo continua igual", "somos imbatíveis", "os clientes nos adoram", "foi assim que crescemos", "isso é só uma moda, logo passa", "as coisas sempre funcionaram bem" e muitos outros que nos levam à complacência, à inércia, à falta de apetite para a inovação. Esteja sempre atento às mudanças. Inovações, novas tendências e tecnologias surgem o tempo todo. Elas não devem ser ignoradas. Quando nos acomodamos, não inovamos, paramos de crescer e começamos a morrer.
Bruno Cordoni
Especialista em varejo, curador de soluções tecnológicas e diretor de engajamento e desenvolvimento de negócios da Onebeat.