Metaverso? Muito bom! Mas como estão seus intervalos no PDV?

Bruno Cordoni

Diretor de engajamento no Brasil

Metaverso, experiência imersiva, comércio em qualquer lugar, múltiplos sistemas de pagamento, criptomoedas, sistema de entrega por drones e afins são temas que, com certeza, devem estar inspirando muitos varejistas. Boa parte deles abrilhantou a última NRF (National Retail Federation), a maior feira de tendências de varejo do mundo, que acontece todos os anos em Nova York. Certamente, são inovações que já impactaram e continuarão a impactar de forma disruptiva o varejo nos próximos anos.

É inegável que aqueles que trabalham no varejo precisam estar atentos a elas. Muitas, inclusive, já estão começando a surgir aqui e ali. Algumas marcas se destacam nesse sentido. A Lacta, por exemplo, lançou no Natal uma loja virtual 3D, imersiva, 3600, de olho no conceito de metaverso, e está repetindo a dose na Páscoa devido aos bons resultados. No inverno, a Aramis lançará sua primeira jaqueta phygital (física e digital), com controle eletrônico de temperatura, que será o primeiro produto digital da empresa em NFT (non-fungible token). O Wing, um serviço de drones da Alphabet, afirma ter atingido a marca de 200.000 entregas comerciais na Austrália. A Foxbit Pay já oferece soluções de pagamento em criptomoeda.

Entretanto, toda empresa deve estar ciente de outras questões que podem comprometer o sucesso dessas iniciativas. Tão importante quanto implementar estruturas tecnológicas que contribuam para melhorar a experiência de compra, é minimizar o risco de o cliente não encontrar o produto que deseja no ponto de venda. Todo esforço feito para atrair a atenção do cliente e despertar o interesse pela compra não pode terminar em frustração porque o produto que ele procura não foi exposto ou não está disponível, devido a uma ruptura causada por uma falha na gestão do estoque, por exemplo.

A inovação é muito importante, assim como estar atento às tendências, mas não podemos deixar de lado o que é a essência do varejo: ter o produto disponível na quantidade e no modelo certos, quando e onde o consumidor precisar. De preferência, em uma loja organizada, iluminada, segura, com uma equipe de atendimento bem treinada ou em um ambiente digital ágil e intuitivo, com um valor e prazo de envio que não conspirem contra as vendas.

Hoje temos alternativas disponíveis no mercado que ajudam nesse sentido e que, na minha opinião, podem preparar a empresa para garantir uma operação otimizada e sustentável. Isso é muito importante para obtermos sucesso quando decidimos adotar uma postura de vanguarda tecnológica.

Todo avanço tecnológico é bem-vindo e deve ser avaliado de acordo com as características de cada empresa e o valor que agrega ao negócio. No entanto, não podemos perder de vista o fato de que o varejo significa entregar ao cliente o que ele quer, quando ele quer. Isso é fundamental. Não se trata apenas de perder uma venda, mas de frustrar o desejo de compra do cliente, que, pior, pode até direcionar seus recursos para a aquisição da concorrência. Uma boa presença na Metaverso começa com a garantia de uma excelente experiência do consumidor também na loja física.